Pare...
é tempo de frear o carro...
nem que ele esteja na contramão...
é tempo de esquecer os prédios... as liquidações...
esquecer um pouco da maldade de todos os homens...
tempo de parar de querer vencer uma guerra inexistente...
de querer ser o que nunca foi...
do prédio que pode cair... do avião que pode dar pane...
fatalidades são fatalidades porque são...
porque tudo na verdade simplesmente aconteceu...
acordar todos os dias não é para todos...
mas saber que estamos acordados também não...
vamos rir sempre que necessário for...
Olhe...
é tempo de usar os verdadeiros olhos da alma...
nada morreu... apenas tudo se transformou...
as lembranças continuam guardadas no mesmo lugar...
chorar faz parte da peça que encenamos...
mas sem esquecermos que somos a unicidade no todo...
é o que temos e o que nos basta por enquanto...
olhe todas as cores que adentram aos nossos olhos sem pedir licença e sem esperar hora...
coisas pequenas e coisas grandes também...
Escute...
os sons dos passos do dia que surge preguiçoso e depois se anima...
das águas que nunca param como viajores sem itinerário...
da La Ursa que vem descendo a ladeira feliz por tudo e por nada...
o riso dos meninos pobres grandes senhores da alegria...
o palhaço que chama para o grande espetáculo que vai começar...
escute a simplicidade dos sábios e a loucura dos santos...
a festa não demora e somos os principais convidados...
embaixo das cinzas ainda a brasa continua viva...
Pare... Olhe... Escute...
A