quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Toda Pele É A Mesma

Toda pele é a mesma

Enquanto todo passo é o outro

A mesma ferida em cada carne

A mesma quebra em cada osso

Igual sangue caindo ao chão...


Iguais doenças e iguais sintomas

Lágrimas todas elas salgadas

Fomes nos estômagos 

Daqueles que têm ou não têm...


Os erros acabam repetidos

Sucessivos pecados sem perdão

A mesma embriaguez do tédio

Ou as drogas mascaradas...


A falta de tempo para todos

Todos acabam correndo assustados

Pois a covardia é semelhante

Em qualquer local do planeta...


O que é feio também belo é

Cultura e ignorância tomam chá

O frio queima e o fogo também

Falta de ar ou mar afogam...


O tesão acaba numa gozada

O vento derruba qualquer coisa

As folhas todas vão ao chão

A moda passada é a moda passada...


Fora da geladeira sempre estraga

Fora de esquadro é cacofonia

Se necessita do mesmo espaço

O estalo de dedos já é a mágica...


Todo idioma que o desconhece

As febres são acima da temperatura

O mal gosto é para quem não o tem

A cinza um dia foi a madeira...


Todo assassino um dia morre

Todo tirano qualquer dia cairá

As palavras vão e voltarão

A verdade foi quase a mentira...


Toda pele é a mesma

Enquanto todo passo é o indeciso

A mesma ferida em traz sua dor

O mesmo osso para a sua sopa

Igual sangue correndo nas veias...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Nem Todo Delírio Delira

Nem todo delírio delira. Assim como nem tudo que parece ser normalidade é... O tempo não acaba com nada, sob as camadas sucessivas de sujeir...