Toda pele é a mesma
Enquanto todo passo é o outro
A mesma ferida em cada carne
A mesma quebra em cada osso
Igual sangue caindo ao chão...
Iguais doenças e iguais sintomas
Lágrimas todas elas salgadas
Fomes nos estômagos
Daqueles que têm ou não têm...
Os erros acabam repetidos
Sucessivos pecados sem perdão
A mesma embriaguez do tédio
Ou as drogas mascaradas...
A falta de tempo para todos
Todos acabam correndo assustados
Pois a covardia é semelhante
Em qualquer local do planeta...
O que é feio também belo é
Cultura e ignorância tomam chá
O frio queima e o fogo também
Falta de ar ou mar afogam...
O tesão acaba numa gozada
O vento derruba qualquer coisa
As folhas todas vão ao chão
A moda passada é a moda passada...
Fora da geladeira sempre estraga
Fora de esquadro é cacofonia
Se necessita do mesmo espaço
O estalo de dedos já é a mágica...
Todo idioma que o desconhece
As febres são acima da temperatura
O mal gosto é para quem não o tem
A cinza um dia foi a madeira...
Todo assassino um dia morre
Todo tirano qualquer dia cairá
As palavras vão e voltarão
A verdade foi quase a mentira...
Toda pele é a mesma
Enquanto todo passo é o indeciso
A mesma ferida em traz sua dor
O mesmo osso para a sua sopa
Igual sangue correndo nas veias...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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