Minha cabeça não sabe o que a boca diz.
É assim, assim mesmo, não sei o mesmo e o quando.
Litros e litros de cerveja, cascatas na goela dos loucos.
Sambo no meio da praça, a praça que nunca existiu.
É hora do desejo, ele deve estar meio atrasado.
Atiro flechas imaginárias, nenhum acertou o alvo.
Nomes geniais sempre, mas coisas tão mesquinhas.
Algoritmos gozam de alegria, pode acreditar em mim.
Qualquer hora dessas eu corro, só vai ser um passo.
Não tem poesia alguma, no banheiro faltou parede.
Quantos nãos escutei, escutou até o dia de amanhã.
Eis a velha maquiagem, mas de suor e de carvão.
Os pitbulls cantam em coro, faltaram sábias agora.
A água ferveu sem chaleira, já perdeu sua paciência.
É remédio para as pulgas, coitadas estão doentinhas.
De grão em grão, a galinha se tornou capitalista.
O choro agora cobra ingresso, cansou de trabalhar.
Dessa gagueira que tinha, mas não saiu na fotografia.
Queria contar muitas piadas, só que faltou palavrão.
Onde está a inércia, nosso caos urbano está formado.
A simplicidade complica tudo, inclusive para aves.
Faço o que quiser, até quando não faço mais nada.
Quase morri ontem de sede, isso depois dessa água.
Marcianos e arlequins, todos na mesma excursão.
Quem tem boca vá à merda, Roma está muito longe.
Adoramos pornografia, só que a moral não nos deixa.
Frases bem miúdas, provas de quintas intenções.
Casadas com bodas de ouro, fome e vontade de comer.
Cuspi em minha própria cara, era isso que merecia.
Dropes de giz, seu gosto dever ser tão magnânimo.
Façamos uma nova enciclopédia, becos e vielas antigas.
Estourei meu cartão, parecia um napalm que faliu.
Cavalo dado, deve se levar logo ao dentista da clínica.
Juro que não mereço nada, nem uma mosca torta.
Muitas cinzas de cigarro, dá pra montar um columbário.
Sou espécie em extinção, eu e mais milhões de idiotas.
Minha cabeça não sabe o que a boca diz...
(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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