Eu não sou nenhum cavaleiro valente
Que cavalga nuvens tal brinquedos fossem
Aproveitando sóis de restos de tarde
Sou apenas um lenda que se tornou real
Quando aquela história foi então contada...
A chuva não veio brincar comigo, não veio
Veio trazer várias e várias lágrimas de sal
Como o feitor de fere as costas do cativo
Enquanto disfarça cantando algumas canções
Que reconheço em velhos rádios quebrados...
Rádios quebrados ou ainda revistas rasgadas
Pedaços de papel por entre ruas vadias e vazias
Calçadas com alguma filosofia desconhecida
Do fundo do salão para a porta de era da rua
E da rua em uma pequena calçada nunca mais...
Assim foi em várias destas aventuras dissonantes
Até que agora me encontro neste oceano deserto
Onde a única água vem de dentro de mim mesmo
Sem episódios de rodas-gigantes naquele parque
Em que eu via a noite feito um belo caleidoscópio...
Não quero perguntar mais uma pergunta sequer
Pois as perguntas ainda sustentam esse meu ser
Com elas caminho com as mãos nos meus bolsos
E aquele assovio pequeno neste canto da boca
Como olhos para comer um pouco desta tal tarde...
Sim, sem dúvida, sim, a chuva não era e nem será
Daquele azul que eu pedi naqueles passados dias
Suas gotas não serão luzes e nem tão belos cristais
Serão apenas lágrimas que vieram desapercebidas
Neste rosto que traz consigo todo o choro do mundo...
(Extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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