segunda-feira, 27 de outubro de 2025

E A Chuva Não Era Azul

Eu não sou nenhum cavaleiro valente

Que cavalga nuvens tal brinquedos fossem

Aproveitando sóis de restos de tarde

Sou apenas um lenda que se tornou real

Quando aquela história foi então contada...


A chuva não veio brincar comigo, não veio

Veio trazer várias e várias lágrimas de sal

Como o feitor de fere as costas do cativo

Enquanto disfarça cantando algumas canções

Que reconheço em velhos rádios quebrados...


Rádios quebrados ou ainda revistas rasgadas

Pedaços de papel por entre ruas vadias e vazias

Calçadas com alguma filosofia desconhecida

Do fundo do salão para a porta de era da rua 

E da rua em uma pequena calçada nunca mais...


Assim foi em várias destas aventuras dissonantes

Até que agora me encontro neste oceano deserto

Onde a única água vem de dentro de mim mesmo

Sem episódios de rodas-gigantes naquele parque

Em que eu via a noite feito um belo caleidoscópio...


Não quero perguntar mais uma pergunta sequer

Pois as perguntas ainda sustentam esse meu ser

Com elas caminho com as mãos nos meus bolsos

E aquele assovio pequeno neste canto da boca 

Como olhos para comer um pouco desta tal tarde...


Sim, sem dúvida, sim, a chuva não era e nem será

Daquele azul que eu pedi naqueles passados dias

Suas gotas não serão luzes e nem tão belos cristais

Serão apenas lágrimas que vieram desapercebidas

Neste rosto que traz consigo todo o choro do mundo...


(Extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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