terça-feira, 21 de outubro de 2025

Poema de Um Morto Para Outro

Não se preocupe com as moedas:

Elas não possuem donos

São apenas eternas andarilhas

Que ficam caladas 

E nunca contam suas aventuras...


Não tenha medo dos dias:

Todos eles se acabam

São como as flores da estação

Se cuidadas ou não cuidadas

Seu destino será o mesmo...


Não se atenha à alheias bocas:

O que falarem à seu respeito

Não moverá pedra alguma

O seu caminho é o seu

E não será de mais ninguém...


Nunca beba em excesso:

Labirintos não tem saídas

E mesmo se assim tivessem

Nossas pernas se cansam

E preferem riachos mansos...


Jamais se escravize à nada:

Enfeites feitos em excesso

Podem trazer algumas feridas

E aquelas que temos bastam

E cicatrizá-las leva tempo...


Faça da ternura uma prioridade:

Coisas simples são necessárias

E suas eternidades são guardadas

Neste cofre que temos no peito

Que alguns chamam de coração...


Não se importe em ser o último:

A vida nunca foi uma disputa

E mesmo se assim o fosse

Não existe prêmio algum

Porque os finais são os mesmos...


E sem pressa do amor chegar:

Ele pra não precisa de cálculos

Chega na hora mais certa

E se ainda não chegar afinal

Mostrará onde ir buscá-lo...


Não se preocupe com as moedas:

Elas não possuem donos

São apenas eternas ilusões

Que ficam caladas 

E nunca ficarão conosco para sempre...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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