terça-feira, 21 de outubro de 2025

Carliniana CVII ( Porque Nós Queremos Dias Novos )

Sim. É o que queremos. Dias novos.

Dias sem feridas. E sem cicatrizes.

Leões mansos. Que não nos ataquem.

Domingos absolutos. Sóis intermináveis.

Com feras preguiçosas. E balões azuis.

Velhos clipes musicais. Meninos eternos.


Sim. É o que queremos. Dias novos.

Paixões simples. Lampiões de gás.

Fogueiras amistosas. Frutos maduros.

Óculos engraçados. Tranças bonitas.

Paisagens pintadas. Sinos tocando.

Medos aposentados. Rimas livres.


Sim. É o que queremos. Dias novos.

Trios improváveis. Riachos eternos.

Palavras amistosas. Perfumes suaves.

Trânsito parado. A avenida contente.

Bolinhos de chuva. Correntes partidas.

Mentiras quebradas. Beijos quentes.


Sim. É o que queremos.  Dias novos.

Acenos desejados. Todos sobreviventes.

Chãos de taco. Varandas sonhadoras.

Gatos se lambendo. Cães tão felizes.

Bandas esperadas. Boleros na vitrola.

Tesouros sem ilhas. Festas de família.


Sim. É o que queremos. Dias novos.

O bom-dia pontual. A camisa bordada.

O vidro inquebrável. Travesseiro macio.

O cigarro penitente. O vendaval passado.

Retorno dos que foram. Palmas efusivas.

Moedas brilhantes. Peixes sonoros.


Sim. É o que queremos. Dias novos.

Mas afinal por que tudo deu errado?...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Nem Todo Delírio Delira

Nem todo delírio delira. Assim como nem tudo que parece ser normalidade é... O tempo não acaba com nada, sob as camadas sucessivas de sujeir...