sábado, 25 de outubro de 2025

Carliniana CVIII ( E Os Últimos Serão Os Últimos )

Com a velocidade de um velocípede quebrado

Em dias chuvosos para nada poder se fazer,

Trancado na casa pequena em férias sem sal

Quando nem as moscas visitam as azuis paredes,

Eu sinto, sinto muito a morte que não veio...


Com o mesmo tédio que machucava os ossos

Na mesma televisão primitiva na tosca sala,

Os outros cômodos feito de sólida solidão

Num ponto desconhecido de um old mapa,

Eu sinto, sinto muito que não sei nada....


Eis os olhos que me recusar a escancarar

Porque a escuridão ocupa todo esse tempo,

Gosto amargo ocupa toda extensão bucal

Conviva mal educado que não foi convidado,

Eu sinto, sinto muito um estranho que mira...


Nada é demais para quem é ou está triste

Até esse cheiro dos cadáveres dos sonhos,

Não adianta o engabelo dos passarinhos

E versos sem valor estético desta tal moda,

Eu sinto, sinto que meu sangue ainda corre...


Aqueles meus chapéus acumulam poeira

Junto aos sapatos que agora descansam,

Tudo é pó mesmo dentro de rios tão secos

Que correm em sertões de meu pesadelo,

Eu sinto, sinto que o avião nunca voou...


Contradizendo o que está no papel escrito

Pois não existem nem últimos nem primeiros,

Apenas existem quase mortos e os que mortos

Nessa cena desarrumada que se chama vida,

Eu sinto, sinto meus dedos na tecla feito robô...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Nem Todo Delírio Delira

Nem todo delírio delira. Assim como nem tudo que parece ser normalidade é... O tempo não acaba com nada, sob as camadas sucessivas de sujeir...