Cada vez mais cada vez
Cabelos verdes de um carnavalis indeterminado
Onde Narcisos também possuem tantas asas
Como poemas que alguém cuspiu ao chão
Sem Terezas e Manuéis sobretudo e assim
Numa nova língua de céleres antiguidades
Eu sou da época de xícaras e chaleiras e bules
Onde as águas também andavam pelas ruas...
Cada vez mais cada mês
O caldo da moenda ia direto pra velha geladeira
Depois ao destino selado do facão amolado
Não era besteira o pé de goiaba e a mexerica
Só não sabíamos os valores de coisa alguma
Nem que isso custasse os lenços nas cabeças
Hoje a modernidade incômoda tão incomoda
Como o espinho no pé que afinal eu nem pisei...
Cada vez mais cada três
Embrulhado para presente nessa vil digitilalidade
Com um veneno inócuo que fez seu costume
Do lixo viemos e para o lixo nós voltaremos
Nós ejaculamos sem motivo e até sem tesão
Soltei as amarras para ir em direção ao nada
Mesmo que isso signifique não perguntar mais
E nem ser o menino comportado que nunca fui...
Cada vez mais cada burguês
Vou daqui até a Índia em uns só cinco minutinhos
Trarei novos Nirvanas para minha coleção
Serei bem mais odiado como eu nunca fui
O pancadão já se espalhou pelos cerrados
Enquanto aveloz é a bebida desta estação
E as tragédias sacralizadas nos cartórios
Com beijos tarados que um dia irei dar...
Cada vez mais cada talvez
Há uma cruz cravada na beira deste nosso caminho
Mostrando cada etapa do que é o ser humano
Iremos embora e o dinheiro vai ficar por aqui
Junto com as tentativas que deram mais erradas
E que deixaram muitas cicatrizes que espalhadas
Mais pela a alma do pelos nossos pobres corpos
Pois o salário do pecado sempre vai ser o norte...
(Extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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