Acender uma vela sem uma outra chama.
Em volta da fogueira não há nenhum cacique.
Melodramas antigos ainda em black&white.
Meu mandarim acordou com certa preguiça.
Maquiar a alma é tarefa que muitos fazem.
Foi declarada a guerra de bolinhas de gude.
A gata agora liberou que mamassem nela.
Numa escola vazia as lições são repetidas.
Os ventiladores agora decidiram ir voar.
Mais uma cachaça aqui para o andarilho.
Nuvens sólidas para amantes do nom sense.
O verdadeiro poeta sabe mastigar pedras.
O meu silêncio até grita bem mais alto.
Todas as contradições nasceram prontas.
As injeções que me aplicam não doem mais.
O cachimbo parou de entortar nossa boca.
Agora só marcamos gols que forem contra.
Quero fumar um cigarro no dia do Juízo.
Uma barata morta acabou pisando em mim.
O louco gritava impropérios no condomínio.
A realidade é mais fácil que pular amarelinha.
Só gosto de ficções científicas da Idade Média.
O charuto é charuto porque nasceu charuto.
Quem vai com sede ao pote acaba caindo.
Ali Babá não gosta mais dos cinquenta ladrões.
A baiana agora só vai vender churrasco grego.
Só os ponteiros do relógio suportam repetição.
Ao seu lado é que eu me sinto tão ao seu lado.
Todo motorista tem aquele seu lado contramão.
Uma tempestade viria se não fosse a preguiça...
(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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