Antes haviam seus baldes de madeira
Para religiosos lavarem os pés de Judas
Haviam churrascos nas praças públicas
Para consumirem feiticeiras de plantão
Mas isso tudo continua na mesma...
Quando leio doutas e antigas linhas
Em que dedos eram apontados sem dedos
Fomos feitos para esquecer as atrocidades
Com as desculpas que a história nos dá
Santificado é tudo aquilo que já morreu...
Fico pensando na saudade que não tenho
Sobre o que era bom mesmo sendo tão ruim
Como cartas mal escritas para um futuro
Que acabou de chegar agora com mãos nuas
Nosso ofício é mentir sem medir distância...
A fome era a mesma daquela noite passada
E as margaridas possuem aquela mesma cor
E a dor continua sobre uma outra pele nova
Para que beija-flores suguem o nosso sangue
O branco continua encardido como sempre...
Os velhos poetas tinham lá seus desvarios
Mesmo quando sob máscaras mais desiguais
Nosso modernismo é uma coisa tão antiquada
Depois de uma semana pode jogar no lixo
Maracatus e cirandas agora estão aposentados...
Em praças suplicam por algumas moedas
Para que a fumaça tenha seu nobre efeito
E o chá nos levem para alturas nunca vistas
Enquanto os virais são nossas fiéis testemunhas...
(Extraído do livro "Pane Na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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