Quero surgir do nada em nuvens de coisa alguma...
Eu não sou o general e nem tenho banda alguma...
Caminhante de coisa alguma sem usar muletas...
Essa minha indecisão é mais um cavalo sem asas...
Anotei todas as tristezas com uma caneta quebrada...
Arranhei paredes com o mais puro de todos deleites...
Essa brisa mansa traz todos os enigmas possíveis...
Faça chuva ou faça sol é tudo aquilo que eu quero...
Cataventos de todas as cores e lençóis bem macios...
Mais uma lata de cerveja para todos comemorantes...
Coleções de chaveiros para todos os que éramos...
Eu usei tamancos de madeira e pingentes brilhantes...
Tive caixinhas de segredo que me valeram tanto mais...
Eram dias de suspensórios e óculos que eu usei antes...
Eu nunca quererei ser o pó por simples antecipação...
As palavras são amigas que me sobraram da guerra...
Dores só ensinam a arte da rebeldia e o ofício do choro...
Programas que já esqueci ainda continuam na mente...
Os pássaros cantarão com o seu trabalho de rotina...
Cada frase é um peixe que foi pescado com as mãos...
Só o desconhecido me conhecerá com toda a certeza...
Nas minhas bruxarias carrego as melhores intenções...
As ressacas das segundas foram os triunfos das sextas...
Proibiram os realejos mas nunca os seus encantos...
A minha espada de brinquedo sempre foi o que era...
Chá com biscoitos para nossa próxima ressurreição...
Levantei com muito sono do meu caixão de morto-vivo...
Mais uma ciranda é o que nosso peito assim precisa...
Posso sentir o vento que vem de lá sempre e sempre...
Mas acho que isso nunca me importou alguma vez...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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