terça-feira, 21 de outubro de 2025

Mil e Uma Inutilidades

A morte vindo como nova moda.

Estamos todos de mãos para o alto.

Temos o uísque mas faltou a soda.

Eu levei um susto ontem no assalto.


Vamos roubar expressões consagradas.

Passeios recreativos de lindos saveiros.

Pedaços grandes de múltiplos nadas.

Orações recitadas em sujos banheiros.


A carícia cega feito aquele corte.

Estamos com nossas mãos quebradas.

Melhor que a vida somente a sorte.

Nossas janelas estarão fechadas.


Vamos roubar canções conhecidas.

Nossos deuses agora são o dinheiro.

E nessas manhãs mal amanhecidas.

Quem chega por último é o primeiro.


O fraco se transforma no mais forte.

Nossas bocas estarão escancaradas.

Não estamos no sul e nem no norte.

Estamos dormindo pelas calçadas.


Vamos celebrar esse país criança.

Dar--lhe os méritos que não tem.

Vamos esperar a nossa desesperança.

E todos os tolos que o digam amém...


(Extraído do livro "Pane Na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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