segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Não Se Morre Todo O Dia

 

Não se morre todo o dia...


Contradiga ou não todas as evidências

Hora dessas a rotina quebra qual vidro

No desespero de um erro de cálculo

Ou de uma estatística que agora manca...


Não se morre todo o dia...


Em cinco minutos se faz a eternidade

E segundos complementares se bastam

Como verbos loucos e mal flexionados

Em versos clássicos que nem se recita...


Não se morre todo o dia...


Mas teremos a mais incerta das certezas

Que todo pássaro acaba caindo do alto

Assim como os gatos erram os seus pulos

E até coragem dos cães acaba falhando...


Não se morre todo o dia...


Sempre existe uma vaga em cada trono

Assim como cada cova acaba ocupada 

Tudo é apenas um jardim de incertezas

E algum mato sempre acaba crescendo...


Não se morre todo o dia...


Toda ferida teve seu local de nascer

E mesmo as mais indolores possíveis

Acabarão por deixar alguma cicatriz

Mesmo que seja apenas numa memória...


Não se morre todo o dia...


Nenhum espinho veio pedindo licença

Entrou na carne como fosse sua casa

Bebeu do sangue como fosse seu licor

Mas no final do ato partiu para longe...


Não se morre todo o dia...


Mas em todos eles alguém vai morrer

De que forma só a morte é que sabe

Todas as mortes são da mesma forma

Mesmo a mais heroica traz seu medo...


Não se morre todo o dia...

Ou será que se morre sem saber?...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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