Não se morre todo o dia...
Contradiga ou não todas as evidências
Hora dessas a rotina quebra qual vidro
No desespero de um erro de cálculo
Ou de uma estatística que agora manca...
Não se morre todo o dia...
Em cinco minutos se faz a eternidade
E segundos complementares se bastam
Como verbos loucos e mal flexionados
Em versos clássicos que nem se recita...
Não se morre todo o dia...
Mas teremos a mais incerta das certezas
Que todo pássaro acaba caindo do alto
Assim como os gatos erram os seus pulos
E até coragem dos cães acaba falhando...
Não se morre todo o dia...
Sempre existe uma vaga em cada trono
Assim como cada cova acaba ocupada
Tudo é apenas um jardim de incertezas
E algum mato sempre acaba crescendo...
Não se morre todo o dia...
Toda ferida teve seu local de nascer
E mesmo as mais indolores possíveis
Acabarão por deixar alguma cicatriz
Mesmo que seja apenas numa memória...
Não se morre todo o dia...
Nenhum espinho veio pedindo licença
Entrou na carne como fosse sua casa
Bebeu do sangue como fosse seu licor
Mas no final do ato partiu para longe...
Não se morre todo o dia...
Mas em todos eles alguém vai morrer
De que forma só a morte é que sabe
Todas as mortes são da mesma forma
Mesmo a mais heroica traz seu medo...
Não se morre todo o dia...
Ou será que se morre sem saber?...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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