sexta-feira, 23 de maio de 2025

Carliniana LXXXV ( Comendo Os Ossos e Roendo A Carne )

São apenas mais alguns girassóis mortos

Nosso pavor em sussurros silenciosos

O hoje é quase o ontem só que está pior

Minha inocência é um labirinto tão escuro

A porta de saída pode dar em nada mesmo

Eu peço um cigarro e acho que ninguém tem

As minhas razões são pedaços de papel

Fazer rimas sem propósito pode um ofício

Quase como fosse um artesanato da mente

A minha idade é maior do que das pedras

Tudo que é distante pode estar mais perto

A dignidade e a teimosia são quase primas

As dores me doem menos que as desilusões

As esmolas do destino até me queimam mais

A arte e a vida sempre estarão brigando

Voar não significa poder ir para os céus

Vou estar vivo até o último momento da vida

Ironicamente acabou toda esta minha ironia

O último a sair que quebre de uma vez a lâmpada

Nenhum amanhã merece o que o hoje recusou

Todas as minhas feridas estão em seu lugar certo

A humildade e a humilhação jogam damas agora

Escolher o nada pode ser uma opção plausível

O pulo do gato acabou virando curso com diploma

Vou economizar meus pensamentos para depois

Qualquer desculpa é um modo novo de hipocrisia

Em terra de banguela quem tem um dente é rei

Vou rabiscar novas epopeias nas paredes do banheiro

O único prêmio que ando merecendo é uma porrada

Não sou nem um cão e nem tenho mais um osso...

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