sábado, 15 de março de 2025

Quem Sabe Isso Não É Só Um Filme

Quem sabe isso não é só um filme.

Garrafas vazias sobre a velha mesa.

Minutos transformados em segundos.

Voyeurismo em ávidos olhos estáticos.

Não importa que está estrelando.

Todo ato acaba virando o mais certo.

Há sons de automóveis inesperados.

Até de um galo cantando fora de hora.

O cenário é apenas uma maquiagem.

A roupa íntima dos atores é velha.

Algumas tatuagens já saíram de moda.

E novos rostos já estão envelhecidos.

Não sabemos onde a flecha caiu.

E que flor foi a primeira a desabrochar.

Todas as pedras podem ser velozes.

E os detalhes armarem emboscadas.

O carnaval de ontem poderá ser agora.

E todo tesão pode nos afligir demais.

Agora faltam latidos para as carruagens.

Toda arte se escondeu debaixo da cama.

E meus óculos possuem alguma saudade.

Pintei novamente meus esqueletos.

E apodreci com capricho os meus dentes.

A cara dela é de lua perfeita e minguante.

Quem sabe isso não é só um filme?


(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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