quarta-feira, 19 de março de 2025

Assim Calou Zaratustra

Colocaram fogo no cabaré -

Não há mais bailarinas desnudas

Com suas hair pussy tão desejadas...


A coxinha estava na geladeira - 

É apenas mais um sonho tropical

Que traz o tesão que não temos...


É complicado ser simples -

Ainda mais com tantos castelos

Construídos pelas nuvens sem céu...


Não fui e nunca mais serei -

E a lógica do capitalismo burguês

É tão ilógica como qualquer uma...


O Mandrake está sem cartola -

Mas aquele uísque falsificado

Pode nos inocentar de um crime...


Uma dupla de três é mais legal -

Eu surfo nas ondas do teus cabelos

Como cavalgo em cavalos selvagens...


O vizinho reclamou do barulho -

Principalmente do que eu não faço

Como as escritas chinesas do faraó...


Comerei sabiás no almoço -

Para o jantar escorpiões fritos

Talvez sempre valem a pena fazer...


Um frango assado com pixilinga -

Causará mais frisson nos jovens

Do que o viral da semana passada...


O testa-de-ferro já enferrujou -

Eu sou avô do meu próprio pai

E sou primo daquele meu tio...


Nem água agora cai de graça -

Fechem logo todas as portas

E abram também todas as janelas...


Ainda iremos cantar na praça -

Com vozes emprestadas de pássaros

Que fazem desmaiar as violetas...


Colocaram fogo no cabaré -

Zaratustra acendeu mais um cigarro

E ficou calado ali no seu canto...


(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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