quinta-feira, 20 de março de 2025

A Arte da Arte

Agora quero falar de sabiás.

De rouxinóis. E de pitangas.

Como todo estrangeiro daqui mesmo.


Tenho palavras mais engolidas.

Que não encontraram uma garganta.

E acabaram ficando por esse chão.


Agora quero cortar meus pulsos.

Conter minha ira. Matar o medo.

Como quem vai para não voltar.


Tenho versos mais ariscos.

Que fogem entre meus pobres dedos.

E conseguem voar para bem longe.


Agora quero todas as madrugadas.

Dono das fogueiras. Senhor da fumaça.

Proprietário de noturnas alegrias.


Tenho dores mais intensas.

Algumas somente em minha alma.

A mesma alma que não sei se tenho.


Agora quero a arte da arte.

Não sei quais labirintos andarei.

E morrer se tornou mais um detalhe...


(Extraído do livro "Pane na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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