sábado, 22 de julho de 2023

Carliniana XIX (Um Pomar de Ondes)

A violência de um carinho

Os tentáculos de nós mesmos

Toda fama vai pra cama

Uma prisão que sem portas

Aspirinas no café da manhã

A ginástica é fantástica

Falta uma moeda para o veneno

Toda arte tem seu disfarce

Pegarei com a mão a tentação

Água presa num belo espeto

Idiotas com seus colarinhos

O discurso é um amigo-urso

A filosofia acorda no meio-dia

O demônio se olha no espelho

A maldade e a estética vão juntas

O fundo da agulha faz fagulha

A minha febre tem compromissos

Todos os caminhos erram o tiro

O ás acabou pegando a cor lilás

O pajé acabou perdendo a calma

Eu mergulho de cabeça no cimento

Minhas juras andam às escuras

Vamos abrir um brechó num palheiro

Todos os dias uma nova martelada

A poeira me encontrou e chorou

Milagres sempre serão aceitos

Mais uma naipe para o baralho

Não haverá mais festa na floresta

Os nus artísticos foram desprezados

O meu interesse acabou em amnésia

Um jacaré acabou ficando de pé

Toda infelicidade mora ao lado

A medida de tudo é desmedida

Eva só come maçã de manhã

A falência de um espinho

Os espetáculos de nós mesmos

Toda fama vai pra lama...

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