Escolher a sua marca de cerveja.
Ou sua miséria particular.
Viver como quem morre
Ou morrer como quem vive.
Guardar velhos desesperos.
Estar sempre ausente em presente.
Comprar correntes mais novas
No mercadinho do seu bairro.
Brincar somente de roleta-russa.
Ter um celular de sinais de fumaça.
Comer sempre da mesma rotina
Como um vampiro de filmes retrô.
Eis a pornografia de um anjo.
O convidado vip que chegou nu.
Aqui temos blasfêmia suficiente
Para fazer uma new inquisição.
Os melhores filósofos são indigentes.
O canibal quase morreu vegetariano.
Tudo tem seu cheiro sui-generis
Mesmo quando não temos olfato.
Os marginais compraram a marginália.
Tatuagens de bambu para insensíveis.
Qualquer hora teremos uísque sem álcool
Para pitangas compradas na feira.
Quem não foi puta um dia quase foi.
Virar a cara para o passado não o destrói.
O espelho me ensinou bem mais
Do que qualquer espinho que me feriu.
Mamãe eu não quero mais mamar.
Minha aldeia é no meio de suas pernas.
O que eu escrevo é a mais autêntica mentira
Que nem Vinicius sem morais algumas...
(Extraído da obra "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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