segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Bonés com Hélices


Espirais em formato de espirais

Machados manchados com manchas

Cativos com cadeiras tão cativas

Muitas cáries acabam dando olá

Nunca tão sujo como hoje em dia

Toda dificuldade se torna tão fácil

Tocamos pandeiro como um violino

A sua psicopatia veio para o jantar


Conto até três para vir o terceiro

Eu não perdoarei nem mesmo o perdão

Desconfiar é também forma de confiar

É tão chique ir comer lá no chiqueiro

Eu bebo cachaça com gasolina sempre

Tem um belo condomínio lá no inferno

Compramos um saco de socos ontem

E margaridas hostis para nosso café


Letais mesmo eram os dias sem guerra

Na batalha de confetes saíram feridos

Meias manchadas de goiabada em estoque

Juro que nunca falei um palavrão porra

Tenho um amuleto cego que enxerga muito

Controlemos as nossas idiotias mais sociais

Quem não gosta daqui que vá embora logo

Cemitério nunca foi hotel de cinco estrelas


Cada poeta é mais um pateta de unhas sujas

O perigo estará nos ventos que forem fracos

Usemos verde-palha para empalhar a palhoça

Estou com medo de ir até na minha esquina

Para os rudimentos somos tão rudimentares

Ela bebeu um canecão de vinho com os olhos

Hoje teremos uma panelada de muitas panelas

E uma boa martelada bem em nossas cabeças


Rima é coisa para quem é rimante de rimas

Vimos ontem um elefante que dançava xaxado

Tem gente caprichando na sua própria morte

Comeu uma lata de cera com arroz e repetiu

Estamos em dúvida se comemos merda ou bosta

De agora em diante só durmo de cigarro na boca

Nada melhor para os pés que sambar na brasa

E dar cabeçadas na parede até cairmos duros


Comida malfeita mesmo assim ainda é comida

Lançaram um livro sobre a arte de coçar o cu

Perambulemos no topo destes arranha-céus

Vamos pedir esmolas na porta do Banco Central

Esperto é o cachorro que come e vai embora logo

Temos onças de todos os tipos até as voadoras

O camarão está fresco foi pescado há cem anos

A família imperial só está bebendo a Império


Comprei um belo casaco feito de pura cortiça

Agora é moda comermos manga frita no azeite

Vou ali comprar uma lata de farofa e já volto

Um siri cozido e um bocado de angu como meta

Menino veste rosa e menina veste azul sempre

O céu nada mais é que o limite atroz do chão

Eu e essa minha eterna fama de ser anônimo

Tem um elefante escondido atrás daquele bambu


(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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