segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Lógica

Todo poema é algum,

toda marca é desenho,

solidão é ter nenhum,

donde vim é que venho...


Os poetas estão chegando,

como pássaros em bando...


Todo carinho me afaga,

todo afeto é tão terno,

toda mentira é praga,

a guerra é feito inferno...


Os suspiros ecoam pelo ar,

ninguém escolhe quando amar...


Toda beleza é vã,

todo riso é estampado,

todo futuro é amanhã,

mas o hoje é passado...


Um periquito tira a sorte no realejo,

eu me entristeço com aquilo que vejo...


Toda rua é caminho,

toda nuvem passeia,

eu uivo se estou sozinho

em noites de lua cheia...


Só o menino que fui tem eternidade,

mesmo nesse país chamado saudade...


Todo vento é segredo,

cada palavra um desacato,

o medo tem medo do medo,

a novidade é um jato...


Do fundo dessa minha triste cela,

acompanho cada capítulo dessa novela...


Todo preconceito é idiota,

todo ambicioso é doente,

o que passa não se nota,

é meio, atrás ou na frente...


A bondade é uma coisa teimosa,

no meio dos espinhos tem mais rosa...


Toda maré uma hora esvazia,

coisas vão não voltam mais,

a que não é quente é fria,

nenhum barco mora no cais...


Para todos os sábios sua sabedoria,

para todos os sóis a luz do dia...


Todo poema é algum,

toda marca é desenho,

quem bebe fica bebum,

donde vim é que venho...

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