sábado, 1 de junho de 2019

Simplicidade Desesperante

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Uma dessas nuvens escuras
flutuou suavemente
enquanto o dia nublado
como eu nada sabia
e alguns bem-te-vis
faziam coro sem nada querer
e eu aqui sem pecado algum
procuro um Paraíso
que afinal nem perdi
e não posso fazer quase nada
misturo palavras e letras
como todo bom jogador
em horas de desespero calculado
e em recordações que sangram
sim sim eu o sou
um menino antes triste
que agora um velho se tornou
e enquanto escapo das armadilhas
vou no entanto me aprisionando
nas tantas outras que faço
desespera-me que a roda do tempo
com seu pequeno ar de deboche
não se esqueça de rodar sempre
de forma alguma eu deliro
pois este é meu verdadeiro nome
eu trago as chaves do abismo
e olha que ninguém me perguntou
escolho as horas mais propícias
pra que meus gritos sejam inescutados
não sei o nome de todos os pássaros
e nem dei bom-dia à todas as flores
mas respiro alguns sons que sobraram
e isso me parece até tão bom
enfeitemos o que sobrou da vida
pra grande festa que a morte nos fará
tudo continua e nem percebemos
independente se queremos ou não
e todos os tons se esmaecendo
tudo o que vivi agora é meu
quando o copo encher transbordará
quando o fogo arrefecer apagará
e um adeus calculado artigo de luxo
que nem todos podem comprar
ninguém nunca me conheceu
eu pertenço à realeza miserável
dos que enchem as multidões
e beijos cegos agora e sempre
são apenas artigos corriqueiros
continue o dia triste 
e que agora sem mais chova...

(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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