sexta-feira, 2 de maio de 2014

Insaneana Brasileira Número 27 - Impossíveis Impossibilidades

É como uma dança que não sabemos os passos. Mas é hoje o dia da apresentação. Ah! Em que jardins de sonhos perdemos tantas flores sem encontrá-las de volta? Eram braçadas e mais braçadas de margaridas e lírios. Mas tudo morreu.
É como um script que não decoramos. Chegou a hora da apresentação e mãos trêmulas procuram bolsos inexistentes para ter o que fazer. Não haverão palmas de pé e sim vaias debochadas. É o fracasso quem escreveu este drama. Um barco que se perdeu numa noite escura de tempestade.
É como o amor que não tivemos. Foi o beijo que não veio em nossa boca. A saliva que desconhecemos seu gosto morno e cheio de cores. Sim. Meus caros senhores. O gosto das coisas tem suas cores e preto-e-branco é a cor de quem vive a solitude. E quantas vezes te vi passar e meus olhos doeram. Porque o choro sempre dói.
É como a vitória que não alcançamos. São os décimos de segundo faltados. E a dor da perda do brinquedo que mais gostamos. É o sétimo sentido trazendo o medo de fatais convulsões. São os verões em que o frio chegou. E os passeios foram dentro de casa.
É como o amigo que nos traiu. O coração explodiu como um bomba que nas mãos do menino queimou seus dedos. É o perigo de insuspeitas máscaras. É a voz que mudou de tom. A caixa de Pandora foi aberta. E esquecemos onde está a chave. 
É como o rio de nossas veias queimando e queimando. Um rio de chamas e a boca quieta. As figuras forçadas e os sons confundidos. Não queremos esta covardia. Não queremos ser os pacientes deste grande hospício de normalidades infundadas. Somos livres mesmo que os deuses do mundo nos façam mal. 
É o carro na contramão. É  a festa que continua apesar do luto. É a vista turvando. É o cigarro queimando no cinzeiro. É o resto de bebida no copo. É a tua inocência que nunca existiu. São os fados de sotaque indecifrável. É o tédio de minutos contados em aflição. É o termômetro subindo. São as janelas fechadas para o dia. O ouro brilhando em distantes vitrines. E tudo aquilo que eu queria ser ou ter...

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