sexta-feira, 24 de março de 2023

De Freguês (Maracatu Afônico)

Eis a barata em seu voo desesperado

Esperando um predador à sua altura

Mínimos detalhes...

Ela passa a rosa em meu pênis ereto

Enquanto tento me lembrar esquecido

De um passado tinto de tempestades

Agudos tiros...

Eu sou o pajé em penas verde-esmeralda

Bebendo seu uísque escocês com cauim

Em um carnaval da década de sessenta

Eternos restos...

Na minha mão direita possuo cinco dedos

Na mão esquerda possuo mais outros cinco

E todos ele agora apontam somente o nada

Tarefa diária...

A banda passa sem os devidos instrumentos

Carrossel quebrado com suas muitas crianças

Enquanto como borboletas no café da manhã

Esperança louca...

Bravamente o herói foi apenas mais o covarde

Nessa confusão de todas estas ruas citadinas

Não conhecemos mais a paz que nunca tivemos

Baticum ensurdecedor...

São tantas siglas para significar o mesmo equívoco

Num gesto repentino todo o enredo até já começou

Invisíveis chicotes estalam em nossas pobres costas

Náusea esclarecedora...

Os piratas chegaram quase agora naquele moto-táxi

Tudo quase foi envelhecido pelo mais simples triz

Há pelos de gato espalhados por sobre todos os móveis

Palhaço tropeçante...

Eis a mosca voando para satisfazer o libido da aranha

A teia a mais aérea de todas essas catacumbas que há

Máximos detalhes...


(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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