quarta-feira, 9 de março de 2022

Alguns Poemetos Sem Nome N° 142

Minha esperança tem vindo

em embalagens

com conteúdos cada vez menores...

Talvez daqui um tempo

precise de lentes para enxergá-la...

Os meus óculos então

deixarão de ser apenas um incômodo...


...............................................................................................................


Atravesso o tempo

como quem atravessa um espelho...

Os cacos me afligirão ou não...

Carrego a tristeza

como um fardo obrigatório...

Sem ela não me restará nada...

Atravesso o espelho

como quem atravessa o mar...

Não conheço onde fica o porto...


...............................................................................................................


Eu sou de um tempo que agora nada me diz...

Um tempo que agora nem eu conheço...

Pouco falo e algo ainda escuto...

Tentarei dormir e não mais acordar...

São apenas certas sutilezas que me prendem...

Aonde estarei eu agora?...


...............................................................................................................


Usarei as palavras até que elas cansem de mim,

quando não puder mais fazer isto,

as gravarei nas paredes de minha alma

e as preservarei até que não existam paredes...

Depois virá um silêncio meio diferente,

talvez não encontrado, talvez pouco,

um silêncio que grite pela eternidade...


...............................................................................................................


Suba no palco, está na hora de representar o seu papel. As sessões não possuem horário fixo, todo tempo é precioso. Decore bem a sua fala, o grande perigo de errar as falas, acontece sempre. Nunca se irrite com os ensaios, eles existirão enquanto a temporada acontecer. Não se importe tanto com os outros atores, faça a sua parte, críticas e vaias fazem parte do ofício. Não há segurança alguma de sucesso ou fracasso. Muitas vaias sinceras serão melhores que palmas falsas. Termine a sessão não esperando que as cortinas sejam levantadas no dia seguinte.


...............................................................................................................


Sou um célebre desconhecido,

desconheço meus impulsos

e estranhos certas manias

que certamente tenho...

Sou meu inimigo usual,

uso todos os ardis que possuo

para que eu caia

em intermináveis abismos...

Sou a chuva que atrapalha os céus,

os dias de passeios

que foram tão planejados...

Uso meu deboche contra mim

e sou minha testemunha de acusação...

Eu quebrei o vidro

e cortei minhas mãos,

amo sempre errado

e pago as consequências disto...

Mas sobretudo,

com tantos empecilhos,

até posso me amar

pelo menos um pouco...


...............................................................................................................


Bateram em minha porta, fui atender.

Quem seria à essa hora da manhã?

Algum cobrador incômodo?

Alguma notícia boa e inesperada?

Não, apenas a solidão,

Avisando que foi designada

À me acompanhar até o fim...


..............................................................................................................

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Céu para Os Cães (Miniconto)

Deve existir um céu para os cães. Para os homens, isso eu não sei. Poucos merecem isso, então por que fazer um espaço tão grande pra tão pou...