quinta-feira, 15 de abril de 2021

Um Carro Bate No Meio do Poema (Poema Inspirado Num Verso de João Vicente Ramalho)

Um carro bate no meio do poema...

Meu poema era a noite mais enorme

Que o próprio espaço poderia ter...

Era meu corpo transmutado máquina...

Afinal é o que agora somos...

Foi mais rápido do que a luz

Que talvez não houvesse...

Faróis abrindo que nem olhos de susto

Para se apagarem para sempre...

Sem todavia qualquer morte

Porque a tristeza pode ser bem pior...

Apesar de todo barulho

Tenho quase certeza que ninguém escutou...

O som dos pneus derrapando

O metal sendo amassado de repente

Tenho quase certeza que ninguém escutou...

Ninguém sabe que horas eram

A madrugada não possui relógio...

A hora do sono... A hora do diabo...

Nossos anjos estão de férias...

Um carro bate no meio do poema...

Talvez nada que eu fale seja verdade

Por estar desmaiado entre as ferragens...

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