sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Verbalidade Insana

Imagem relacionada
Até meus dentes caírem
até as correntes gemerem
até velhas naus partirem
e os que eram não serem

Até o bobo dançar
até aquela ave subir
até o cadáver falar
e a dúvida não existir

Até ter folia todo ano
até ter enterro todo dia
até não ser mais humano
e eu não sei quando iria

Até meus cabelos crescerem
até meus pensamentos fugirem
até todos os meus ossos doerem
e as minhas tentativas desistirem

Até todo o rio parar
até toda bomba explodir
até eu beber todo o mar
e eu ser feliz como um faquir

Até o sangue deixar de correr
até a mente ficar mais demente
até todo o meu medo morrer
e brote por fim a semente

Até os velhos cantarem
até o homem virar um deus
até os povos lutarem
e eu não dar mais adeus...

(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Céu para Os Cães (Miniconto)

Deve existir um céu para os cães. Para os homens, isso eu não sei. Poucos merecem isso, então por que fazer um espaço tão grande pra tão pou...