segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Graves Cordas Número 1


O galo não canta três vezes
O galo três vezes não canta
Eu não esperei nove meses
Mas fiz o galo pra janta
Minha escolha não foi Barrabás
Não lavei as mãos na bacia
Tive fome e não tive mais
Deixou-me de vez a alegria
Meu amor queria só grana
E eu fiquei só pelo mundo
Espero cada fim de semana
A esperança de um vagabundo
O Papa beija os pés dos prelados
Roma tem saudade das chamas
Motoristas dirigem apressados
Pra assistirem os programas
O cego vai lendo em braille
Sem nada de novo no front
Escapa qualquer detalhe
Da nova queda da ponte
O trem vai andando na linha
A fumaça sobe pesada
Mas se ela tira a calcinha
Eu não penso em mais nada
A vida é um fundo sem poço
A dívida cresce feito mato
O rato não faz mais alvoroço
E é tudo culpa do gato
Eu tenho mais de dois contos
E quero chegar aos dois mil
A cachaça nos deixou tontos
Foi quando o álcool subiu
Ó doce infância perdida
Que grande falta de bar
Quem quer subir nesta vida
Esqueça de como voltar
O tridente tem três dentes
O banguelo não tem mais
E as carpideiras sorridentes
Servem copos de aguarrás
É um beijo na boca do lobo
A mão boba na noite de estréia
Vamos rir da cara do bobo
Que faz delirar a platéia
O frio que bate em meus pés
Não é o que vai na espinha
Não digam para os fiéis
Aonde vai dar essa linha
O termômetro mede a distância
Que vão carecando os pneus
E mesmo na hora da ânsia
Teus lábios não vão aos meus
Graves cordas triste corda dormente
O meu relógio é meu inimigo mortal
Nos sonhos que estive presente
Tudo ia mal tudo ia mal...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Céu para Os Cães (Miniconto)

Deve existir um céu para os cães. Para os homens, isso eu não sei. Poucos merecem isso, então por que fazer um espaço tão grande pra tão pou...