terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Estruturas Número 2


Vela acesa sobre a mesa
Num incômodo cômodo
O que me vela a vela?
O que me importa a porta?
Que deixes meus peixes
Ao tolo todo o dolo
Ao fútil tudo que é inútil
Ao cego eu nada nego
Ao bobo todo o globo
O mudo já disse tudo
O poeta tem sua meta
O ladrão sua razão
Imoral é o escambau
A fome é que dá nome
Mas a farda não nos guarda
Do estreito preconceito
Não dá alento ao vento
Nem tino o destino
Quem lavra a palavra
Seu domínio é o fascínio
Os metais são reais
Mas os amores são incolores
Todo fardo é um dardo
Em direção ao não
O leito é o único jeito
Se a doença mata a crença
Só o sol joga futebol
Só a lua empresta a rua
Não há pão nem perdão
Mas o povo quer o novo
No carnaval carne em aval
Na quarta-feira a saideira
O nosso enredo é o medo
Quem tem aí pra onde ir?
Nossos portos já são mortos
Pai-Nosso não temos remorso
Ave-Maria perdemos os dias
Das boas ações às aberrações
Tudo é uso e abuso
Tudo é preso ao peso
Tudo é uso e é abuso
Luz acesa sobre a mesa
Num cômodo incômodo
Ai quem me dera a quimera
Cada um bebe o que recebe
Na mais pura estrutura

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Céu para Os Cães (Miniconto)

Deve existir um céu para os cães. Para os homens, isso eu não sei. Poucos merecem isso, então por que fazer um espaço tão grande pra tão pou...