terça-feira, 2 de julho de 2024

Alguns Poemetos Sem Nome N° 275

Quando chegar na estação te aviso. Coloca a tua cabeça em meu ombro, a viagem é longa. As paisagens são bonitas, mas são apenas paisagens. Cada instante é uma novidade, o tempo traz todas que puder. Fecha os olhos, dorme. Sonhando com nada (sono pesado) ou com um passeio entre nuvens pode ser a mesma coisa. Talvez seja até um sonho de rio ou mar, sempre é água, mas água de lágrimas dispense. Quando chegar na estação te aviso...


...............................................................................................................


O meu medo caiu do bolso, estava furado. Deve ter caído em alguma rua bem escura, não voltarei para buscá-lo. O meu medo deve ter saído correndo, se apavorou. Notou que nestes anos todos, tenho chorado e muito, mas tudo passou. O meu medo tremeu de medo, ele viu um fantasma. Que fantasma? O meu, claro. O fantasma de quem mesmo morrendo, ainda continua vivo...


..............................................................................................................


Não te culpo se não escreves poemas, teu sorriso já é um, eu já decorei todos estes teus versos, decorados estão na minha frágil eternidade. Não te culpo se desconheces rimas, a vida já possui muitas e viver é uma delas. Não te culpo se poucas coisas que estão nos livros, aprendestes. A vida é um livro, algumas vezes chato, algumas vezes interessante...


..............................................................................................................


Dona Sofia não tem mais olhos para ver o trem passando pertinho, pertinho. Nem nas noites, nem nos dias. As paredes de madeira, o tempo todo comeu. Não existem mais velas para serem acesas no altar, nem mais os santos que aceitavam as velas. Não fuma mais os inúmeros cigarros com ares sorridentes e enigmáticos que sempre teve. A vida pode ter sido ruim, mas ela resistiu bravamente. Seu filho José também não virá visitá-la como sempre fez. Os dois agora são eternos como sempre foram. Mas o trem ainda passa lá...


...............................................................................................................


Tenho pressa de escrever minhas palavras, o vampiro precisa de seu caixão, a manhã está chegando. Não me importa a poeira de minhas imperfeições, assim como seu ataúde tem as dele. Fecho os olhos solenemente depois de tantos voos noturnos...


...............................................................................................................


Meu coração é como um relógio, daqueles bem antigos, quando acabar a corda vai parar. Minha mente é como um rio, quando estiver seco não chegará mais ao mar. Meu amor é como um espinho, fica impassível até que me fira o dedo. Meu sonho é como um repente de viola, nunca se sabe qual será o próximo verso. Minha liberdade é apenas uma máscara, ao ser retirada mostra minha surpresa em ser descoberto. Minha alma é um pássaro suicida, se joga das nuvens sem bater asas...


...............................................................................................................


Mais um poema, apenas mais um. Como o alcóolatra implora a próxima dose mesmo que não terminando a primeira. Mais um sonho, mais um, por favor. Como o viciado que não ficou drogado de forma suficiente. Mais uma canção, quero mais uma. Como quem está cansado, mas ainda assim insiste em viver até que a morte chegue...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Céu para Os Cães (Miniconto)

Deve existir um céu para os cães. Para os homens, isso eu não sei. Poucos merecem isso, então por que fazer um espaço tão grande pra tão pou...