terça-feira, 7 de novembro de 2023

Quando Berimbau É Gaita

Quando berimbau é gaita,

Quando assopro é vento,

Quando fome é baita,

Quando festa é momento...


Quando a bailarina gira,

Quando a viola chora,

Quando a morte vem e tira,

Quando tira o que veio agora...


Quando a vontade teima,

Quando a birra vem e grita,

Quando a maleita queima,

Quando a ferida é aflita...


Quando a comida falta,

Quando toda ética falha,

Quando é folha sem pauta,

Quando rotina é batalha...


Quando sexta é segunda,

Quando trampo é sacrifício,

Quando o pé vai na bunda,

Quando viver é artifício...


Quando chão molhado escorrega,

Quando o sofrimento é pleno,

Quando qualquer praga pega,

Quando remédio é o veneno...


Quando o andar é a ginga,

Quando a carícia é bruta,

Quando a água é a pinga,

Quando a estrada é luta...


Quando enfeite é remendo,

Quando enterro é festança,

Quando duvido estou crendo,

Quando o mestre é criança...


Quando o teu beijo é tapa,

Quando a trama é traiçoeira,

Quando a chance escapa,

Quando não tem maneira...


Quando berimbau é gaita,

Quando essa brisa é vento,

Quando paixão é baita,

Quando o fim é o momento...


(Extraído do livro "Palavras Modernas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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