quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Alguns Poemetos Sem Nome N° 129

concreto aço poeira

tentar viver? besteira...

a vida passando ligeira

por onde? esteira...

tudo é uma feira

seu valor? a carteira...


...............................................................................................................


copos vazios em cima do balcão

temos certeza de alguma coisa?

alguma filosofia nos salvará?

muitos mártires nas fogueiras

e quase nada (?) mudou...

flores arrancadas por brincadeiras

haverá aqui algum pedaço do céu?

os homens se fantasiaram de santos

mas os demônios continuam...

só o tempo ensina a desilusão

e mostra tudo como realmente é

viva os bêbados os loucos

os velhos e as crianças...


...............................................................................................................


eu vejo as marés 

um sobe-e-desce sem fim...

assim somos nós...

rimos e choramos

choramos e rimos...

até quando a nossa lua termine

e aí não teremos mais...


...............................................................................................................


Eu era aquele menino...

Ia para o sítio vazio brincar...

Fazia ele maior que o mundo...

Olhava com medo o túmulo

do pequinês que fizeram no jardim...

Tomei um susto 

com a cobra que vi lá em cima...

Olhava com inocência

Dalila só de calcinhas 

ela gostava de ficar assim...


...............................................................................................................


alguns segredos estão mais evidentes

por isso, não conseguimos ver...

tudo passou, menos certas memórias...

eu não sou Bukowski e nem serei...

seu sucesso marginal

não é o meu e nunca será...

agora, se perguntar qual o mais triste

de todos os poetas, esse sou eu...


...............................................................................................................


os bobos riem, os poetas choram

mas tudo no mesmo palco

um palco onde a plateia está vazia

todos somos atores...

cada um que apresente seu drama

exponha seus erros

e peça interminável perdão por eles...

quem sabe o carrasco tire folga?

há tanta sujeira sob os tapetes...


...............................................................................................................


Nestes bolsos do velho paletó

há relíquias sem preço...

Carnavais passados cheios de alegria

que há muito não tenho,

Esperanças mortas e ressequidas

como folhas ou pássaros,

Razões para viver enquanto der

mesmo sabendo que o tempo está pouco...

Nestes bolsos do velho paletó

escondi-me de mim mesmo...


...............................................................................................................

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Céu para Os Cães (Miniconto)

Deve existir um céu para os cães. Para os homens, isso eu não sei. Poucos merecem isso, então por que fazer um espaço tão grande pra tão pou...