sábado, 8 de janeiro de 2022

Acabou... (Um Poema Niilista)

 Acabou o dinheiro

Acabou a comida

Acabou o gás

Acabou o motivo de se sonhar qualquer coisa, mentiras piedosas são mais do que dispensáveis, um vento fraco e malvado come as nossas entranhas...

Acabou o amor

Acabou a festa

Acabou o ar

Os que possuem não possuem piedade, que as bombas caiam sobre as cidades, que as doenças matem mais depressa, que os governantes desgovernem cada vez mais...

Acabou o sentido

Acabou a razão

Acabou a vontade

Invisíveis abismos são pulados diariamente, os tetos dos lares vão parar no chão, o bêbado dorme tranquilamente de cara na mesa do bar enquanto a mosca pousa...

Acabou a fantasia

Acabou o tesão

Acabou a vontade

A bailarina errou os passos da dança, tropeçou e foi ao chão, este estava molhado de lágrimas, as mesmas lágrimas que caem todos os dias por algum motivo ou não...

Acabou as vagas

Acabou as pragas

Acabou o motivo

O monstro não tem mais lagoa, tudo agora é apenas confusão, as leis gostam de descumprir leis, os fantasmas saem correndo com medo do nosso próprio medo...

Acabou a memória

Acabou a história

Acabou os heróis

Num ato extremo de covardia nasceu a coragem, a insônia eterna dos mortos traz desassossego, qualquer brincadeira é um negócio bem sério mesmo sem parecer...

Acabou o senso

Acabou a voz

Acabou o extremo

Vamos engolindo as esperanças como famintos que somos, nossa rotina traz inusitadas surpresas, com serenidade nossas desgraças acontecem, não importa se bem ou mal...

Acabou o ser

Acabou o nada

Acabou o final...

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