sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Insaneana Brasileira Número 91 - Espírito de Coisas

Esta é a história. Tantas vezes contada e algumas esquecida. Dias quentes estes. Onde há de tudo. Até frio. E frases bem pequenas de efeito. Quando se valia alguma coisa. Mas sem saber exatamente o que era. Mas eras. Mesas grandes de madeiras. E mistérios óbvios que faziam nosso coração palpitar. Um encanto morto e moedas espalhadas pelo chão. Muito bons. Mas as névoas chegaram e não há pra onde fugir. Linda a universalidade das coisas bem pequenas. E aquilo que eu queria e nunca tive. Sábias bobagens. E ainda muito mais. Mesmo quando sabemos que estamos mortos. Queremos nos levantar. É assim. Faz parte de tudo aquilo que não vemos. Até onde podemos. É o óbvio batendo na nossa porta e vendendo sua desnecessária enciclopédia. O sucesso vem num espirro e o fracasso já está chegando.
Esta é a história. O vestido da minha prostituta de luxo já está todo manchado e cheio de remendos. E as rugas surgiram na juventude morta de cada dia. Eu nunca faço desafios que não me levem ao abismo. Mas durmo nas noites frias abraçado ao urso de pelúcia. É bom se aliar aos que mais poder possuem. Há muito abandonei os símbolos. Mas sou um deles. Eram dias e dias manchados de belas manchas. E o natural apenas sobrenatural. Tanto medo que o medo se tornou coragem. E boas surpresas vieram até de algumas pequenas tragédias. Das gregas não. Porque as gregas já vem com lentes de aumento em seu kit. Nunca mais toquemos em determinados assuntos. 
Esta é a história. E milhares de tombos ralaram milhares de joelhos. E os mares ainda foram bons conosco. As telas mudaram e só não mudaram demais. As mesmas palavras cansadas ainda andam pelos muitos caminhos. Eu repetirei sempre as mesmas orações. E a minha fé ainda anda guardada em um destes baús. Onde está a chave desconheço. A cerveja está gelada e a alegria se contagiou com um deboche bem comportado. E a gramática me puxa as orelhas de vez em quando. É uma corda bamba chamada chão. E antes de dormi pensamos na manhã que poderá ser falha. Muitos alguns não as tiveram. E alguns muitos desejaram não tê-las. Eu sou o gênio da lâmpada.
Esta é a história. Feições iguais para diferentes pessoas. E um vaivém de brinquedos abandonados em sujas e pobres praças. Quantas cores desperdiçadas e tintas jogadas foras. Num mesmo ritmo que se não enoja pelo menos entendia. Os golpes falham e vamos ao chão. E nossos dentes se desgastam tremendo de frio. Os olhos são os maiores mentirosos. E os ouvidos os seguem em largos passos. Não queremos mais nada à não ser esquecer. E algumas mentiras piedosas que restam no fundo da caixa grande de papelão. Me tiraram a voz. Mas o canto continua. Alguns versos simples que fazem doer de tanta ternura...

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