sábado, 16 de maio de 2015

Insaneana Brasileira Número 73 - Estranhos Estranhos


Não queremos nem saber onde vão os caminhos. Caminhá-los nos bastam. Em grande sombras projetadas para todos os lados. O tempo passa como um vento varredor. Um bom vento varredor que apronta das suas. E um dançado de folhas é uma grande obra quase que inacabada. Eu dou as cartas. Nós damos. Mas não sabemos quais são. Tudo é um motivo para não ter motivos. E as palavras que nos saem da boca ao chegar ao seu alvo já sofreram sei lá quantas metamorfoses. E às vezes explodem como fracassados artefatos pirotécnicos. E não existem exceções excepcionais. Queremos saber de quase tudo. Menos aquilo que nos incomoda. Porque são assim todos os romances e todos os trajetos que apareceram do nada. É fato consumado. Uma fotografia atrás da outra. Um segundo faz toda a diferença. Não conhecemos mais nada. Nem o que saiu de dentro de nós. Esta é a verdade. Não há como escapar dela. Somos estranhamente estranhos em nossa estranha estranheza. E nem ao espelho conhecemos. É apenas uma psicose altamente perigosa. E nem sabemos o começo nem o fim. Todas as palavras são apenas isto. Uma histeria coletiva coletada em pedaços organizados de papel. É sempre assim. Somos office-boys fazendo intermináveis depósitos de tragédias domesticadas. Nada melhor do que ficarmos quietos. Porque expressar opiniões é coisa da mais alta periculosidade. É melhor colocar a cabeça dentro da boca dos leões. E olha que os leões permanecem com uma fome permanente. Isso sim é que é viver! Com prêmios extras e vidas abreviadas. Não sabemos o que fazer. Mas é por aí. É por aqui. É por ali. Com convenções não-convencionadas. Agora os crimes são filmados e colocados nas redes sociais. Nenhuma das minhas palavras serão entendidas daqui um ano. Porque valores impermanecem e o preço de mercado cai muito depressa. Eu tenho enjoo e era isso que eu queria. Eu tenho dor e meu masoquismo estava de plantão. Eu tenho medo e comprei ingresso para o show de horrores. Os meus dedos adormecem aos poucos. E meus pensamentos mais ainda. Vamos ao mercado contritos com o mais sério dos rituais. Nem mesmo quando queremos vemos alguma coisa. Porque as lentes foram feitas apenas para nos cegar. É a nova lei outorgada sem nosso conhecimento. E que nunca deve ser citada e que é mais real do que o ar que nós respiramos. Vamos acender novas velhas fogueiras com a cinza daquilo que há muito já se queimou...

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