segunda-feira, 10 de março de 2014

Teatro Vida

As figuras da comédia dell’arte de um minuto para outro aparecem. E nós nem sabemos se somos platéia ou atores. Deve ser porque a diferença é só aparente. E não se dar conta disso é que afinal chamamos de viver. É o teatro. É o picadeiro. E na verdade a diferença é o que chamamos de ilusão. Tudo pulsa. Tudo vibra. E os versos são infinitos. Sejam escritos ou não. Vida e Morte num grande abraço seguido de formoso bailado. Não pensemos em mais nada. E com olhos fechados e mais que abertos. A dor passa mais rápido que se pensa. Mas os sonhos permanecem enquanto podem. A lágrima que escorre naquelas faces é tão bonita. Assim como muitas belezas que se escondem nas sombras. Noite ou dia. Nem precisamos saber. Porque o coração pulsa e isso sim vale a pena. Vale a pena suspirar sem motivo. E vibrar por aquilo que nem sabemos o que é. Os poetas estão aí. E isto sim importa mais. Eles vêm aos bandos com suas sãs loucuras. E nos mostram o brilho que pensamos extinto. Nada se extingue. A transformação é a maior das mágicas. E senti-la é o mágico sendo aplaudido de pé. O divã do analista está vazio e até ele foi pular o carnaval. Veja o toque macio e insano de pessoa amada. A sua coreografia estonteante na esquina brincando com os carros. O asfalto é quente. Mas menos do que a própria alma. E quanto mais calor é melhor. Melhor ainda que recordações que doem no peito. E empoeirados pés que nos olham humildemente pedindo merecido descanso. Cantemos em coro. Enquanto fadas com asas de borboleta cantarolam pelos jardins. E gnomos e duendes disputam intermináveis partidas de xadrez. É a vida. E se não fosse ainda assim mesmo seria. Porque está ali no script. E os ensaios foram bem detalhados. É o cheiro de incenso no ar. E os monges budistas curtindo  a banda punk. Toda explicação é plausível e absurdamente absurda se me permitem. Há muitas máscaras sobre as prateleiras ainda sem uso. Não sejamos bons ou maus por enquanto. Mas amemos com a sofreguidão dos camelos em sua jornada de areias. Cada um com seu papel...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Céu para Os Cães (Miniconto)

Deve existir um céu para os cães. Para os homens, isso eu não sei. Poucos merecem isso, então por que fazer um espaço tão grande pra tão pou...