sábado, 28 de abril de 2012

Cachaça


A cachaça que os poetas bebem é outra. Cachaça, aguardente, pinga, qualquer outro nome que queiras dar. Aquela que desce a garganta e que muitos usam, poetas ou não, há de ir embora em algum momento. Mas as dos poetas não. É uma dose única, que após ser bebida, há de dominar quem fez tal imprudência e nunca mais seu efeito passará.
Ela te embriaga a cada instante e todas as vezes que teus sonhos morrerem, serão ressuscitados para que teu tormento seja constante. Ela te embriaga a cada instante e todas as vezes que teus pés cansarem, colocará países em cada esquina e tua desistência será em vão. Ela te embriaga a cada instante e não adiantará os disfarces que porás em teus versos, cada festa terá seu choro, cada alegria duvidosa origem, cada doce um amargo em seu final.
Cuidado, amigo! Não a beba. Pensa duas vezes antes de engolir tão inocente dose.

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